Utilização de Argila de Lavagem de Bauxita da Amazônia para obtenção de material cerâmico
Argila de Lavagem de Bauxita. Zeólita de Ba e Sr. Cerâmica
celsiana
A Argila de Lavagem de Bauxita (ALB) é um subproduto gerado durante o
beneficiamento da bauxita de Paragominas-PA, obtida a partir de uma etapa de
separação da sílica e do material argiloso presentes no minério antes do início do
processo de digestão Bayer. Composta principalmente pelos minerais caulinita e
gibbsita, a ALB possui ampla disponibilidade na região amazônica, que se destaca no
cenário nacional com a presença das maiores minas de minério de bauxita do país.
Com isso, este estudo tem como propósito a realização de caracterização físico-
química e mineralógica da ALB e sua utilização como percursora na obtenção de material zeolítico por meio de fusão alcalina e tratamento hidrotermal utilizando hidróxido de sódio (NaOH) como agente mineralizante. A zeolita obtida a partir da ALB
foi trocada com cátions de estrôncio (Sr) e bário (Ba) e submetida a temperaturas de
800, 900, 1000 e 1200°C para conversão final em fase cerâmica celsiana. O estudo
avaliou a influência da proporção ALB:NaOH, temperatura e tempo de fusão alcalina
para conversão em zeólita. As análises de caracterização envolvidas foram
fluorescência de raios-X, difração de raios-X, espectroscopia Raman e de
infravermelho (FTIR) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os resultados
demonstraram que a argila de lavagem de bauxita, constituída por por gibbsita,
caulinita, hematita, anátasio e quartzo, foi convertida com sucesso em zeólita
hidroxisodalita, exibindo morfologia típica de bastões cilíndricos que se aglomeram
tomando a forma de esferas irregulares semelhantes a “novelos de lã”, característicos
desse tipo de zeólita. O tratamento térmico das amostras zeolíticas trocadas com
cátions de Sr e Ba mostrou resultados distintos: a formação da fase celsiana foi
desfavorável para as amostras trocadas com Sr, enquanto a amostra de zeólita de Ba
alcançou conversão total na fase celsiana monoclínica a 1200°C por uma hora. Esses
resultados indicam que resíduos de mineração podem ser aproveitados como matéria-
prima para a produção de cerâmicas com propriedades tecnológicas significativas.